A Nikola Corporation, empresa que por anos foi apontada como uma das grandes apostas para a descarbonização do transporte rodoviário pesado, enfrenta seu capítulo final. Após declarar falência há três meses, a companhia colocou todo o seu estoque em leilão público. O que inclui 103 caminhões movidos a hidrogênio prontos para operação.
Fundada em 2014 por Trevor Milton, a Nikola surgiu como um símbolo da mobilidade industrial limpa. Em outras palavras, prometendo revolucionar o setor de caminhões com veículos abastecidos por hidrogênio.
No entanto, a trajetória da empresa foi marcada por polêmicas, promessas não cumpridas e acusações de fraude contra seu fundador, que acabou preso. Estima-se que os investidores tenham perdido cerca de US$ 660 milhões (algo em torno de R$3,735 bilhões) com o colapso da companhia.
Leilão da Nikola inclui caminhões e equipamentos de hidrogênio

Além dos caminhões, o leilão organizado pela Gordon Brothers reúne milhares de peças e componentes. Como cabines, motores e até equipamentos de abastecimento de hidrogênio. O que permitiria — pelo menos em teoria — montar uma estação própria de reabastecimento.
Apesar do interesse que os caminhões podem despertar, especialistas alertam para os desafios que os novos proprietários enfrentarão. Ou seja, sem serviço pós-venda e com infraestrutura limitada para reabastecimento de hidrogênio nos Estados Unidos. Dessa forma, operar esses veículos pode se tornar uma tarefa complicada.
Ao longo de sua história, a Nikola conseguiu entregar apenas 200 caminhões. Número distante das ambiciosas projeções feitas no auge de seu otimismo. A falência e o leilão simbolizam não apenas o fim da empresa, mas também o atual cenário incerto da mobilidade baseada em hidrogênio. Apesar de promissora, ainda enfrenta entraves técnicos e logísticos para ganhar escala.
Ainda não se sabe quanto o leilão deve arrecadar, mas a expectativa é de que os valores fiquem bem abaixo dos preços oficiais de mercado. Mesmo assim, pode ser a oportunidade para quem busca adquirir veículos e equipamentos de tecnologia avançada por um custo reduzido. Porém, com a ressalva de que o suporte técnico será responsabilidade exclusiva de quem arrematar os lotes.
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